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Transportadoras dedicadas ao comércio eletrônico apostam no crescimento do setor mesmo depois da pandemia, apesar dos desafios da especialidade

A retomada do comércio físico no ano em curso, em decorrência do combate à pandemia da Covid-19 no país e o aumento da mobilidade social, não deve provocar grandes alterações nas vendas online, segundo as empresas especializadas no segmento, ouvidas por Frota&Cia.

Segundo levantamento da Neotrust, em parceria com o Comitê de Métricas da Câmara Brasileira da Economia Digital, o e-commerce no Brasil acusou um crescimento de 12,59% no primeiro trimestre de 2022, em relação a igual período do ano passado, enquanto o faturamento do setor mostrou uma alta  de 11,02% na mesma base de comparação. Nas contas da empresa, as vendas digitais devem alcançar um faturamento de R$ 174 bilhões em 2022, 9% a mais que o ano passado, com um total de pedidos estimado na ordem de 379 milhões..

Giuseppe Lumare Júnior, Diretor Comercial da Braspress, mais conhecido como Pepe, admite que o movimento no período foi positivo, embora tenha sido bastante conturbado. Na visão do transportador, muitas incertezas afetaram o ânimo do consumidor, com destaque para o avanço da inflação, que afetou a sua confiança e reduziu as tendências de compra. “Contudo, a nova base de clientes afeitos a esse canal de compras cresceu muito, o que deve manter essas compras aquecidas.  Lumare admite que o retorno das atividades comerciais abre mais alternativas ao consumidor, sendo lícito imaginar que ele volte a comprar mais no comércio tradicional.

A afirmação tem o aval do CEO da Jadlog, Bruno Tortorello, ao admitir que a pandemia acelerou a migração de negócios e de hábitos de consumo para o ambiente virtual; um comportamento que não tem mais volta. “Milhares de novos consumidores experimentaram pela primeira vez uma compra on-line e tantos outros estão comprando mais e de segmentos que antes só compravam presencialmente. Estes novos hábitos certamente serão incorporados na nova realidade da sociedade pós-pandemia. Somado a isso, também tivemos uma grande migração de pequenos e grandes negócios para o e-commerce e a as vendas neste ambiente foram intensificadas de uma maneira geral pelos varejistas que ali já estavam”, atesta Tortorello.

Pressão dos prazos

Na visão dos entrevistados, outro ponto importante que vem se incorporando aos novos hábitos de consumo é a rapidez na entrega das mercadorias adquiridas no comércio virtual. É um fator que pode definir a decisão do consumidor entre realizar a compra online ou ir até uma loja, para levar seu produto na hora. Para atender a essa exigência, a Jadlog responde com contínuos investimentos na infraestrutura operacional. “Cerca de 80% das operações da transportadora estão relacionadas ao e-commerce, por isso o segmento impacta diretamente nos resultados da empresa”, comenta o CEO da empresa. Segundo ele, a companhia investiu cerca de R$ 30 milhões em 2021 em infraestrutura, frota, TI e sustentabilidade. E pretende investir mais R$ 20 milhões no ano em curso.

“Buscamos aprimorar a qualidade e a eficiência dos nossos serviços, visando também atender à pressão pela redução de prazos. A Covid-19 exigiu medidas como a antecipação de investimentos para fazer frente ao novo patamar de consumo via comércio eletrônico”, explica Tortorello. “É o caso do Predict, serviço digital lançado há pouco tempo, que informa o destinatário sobre o horário de entrega via SMS e e-mail já no dia da entrega, com a janela de uma hora de variação até a chegada efetiva da encomenda”

A Braspress, por sua vez, lida com a questão de maneira diferente, pelo fato de contar com uma abrangência nacional, “um diferencial que que atrai muitos clientes porque são poucas as opções de transportes com essa oferta, especialmente para entregas nas localidades mais distantes”, ressalta Pepe. Ele explica que, nesses casos, a companhia oferece prazos realistas e os menores do mercado. Já nas capitais e curtas distância, a transportadora já opera com entregas em 24h.

Desafios do segmento

Os problemas enfrentados pelo transporte de comércio eletrônico são, em parte, os mesmos de outras especialidades de transportes, mas com inúmeras particularidades. Bruno Tortorello ressalta que um dos principais desafios é oferecer cada vez mais opções de serviços de entregas, o que significa conveniência para toda a cadeia. “Com consumidores cada vez mais exigentes e atentos a uma boa experiência de compra no e-commerce, alternativas de entregas são fundamentais e acabam sendo um motivo que leva à conversão de vendas”

Giuseppe Lumare, de outro lado, entende que a tendência dos grandes marketplaces como Mercado Livre, Magazine Luiza, B2W etc, de operar com transporte próprio pode parecer uma boa ideia a princípio, mas revela um ponto de fraqueza. “Ao abdicarem do uso das transportadores tradicionais, cujas estratégias comerciais abrangem todos os perfis de carga e alcançam a totalidade dos segmentos econômicos, esses marketplaces podem perder força junto aos consumidores. E, ainda, ficarem sem o apoio das empresas que oferecem abrangência e frequências de viagens para todo o Brasil.

Fonte: Frota&Cia