O pessimismo com relação à economia diminuiu entre as empresas do setor de transporte rodoviário de cargas, mas a perspectiva geral é de que o preço do frete seguirá pressionado no segundo semestre, segundo pesquisa realizada pela Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC & Logística) em parceria com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e obtida com exclusividade pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Quando perguntadas sobre o seu desempenho financeiro, 23% das empresas consultadas afirmaram que a situação está melhor do que antes, 15% informaram estabilidade e 62% atestaram piora. Na pesquisa anterior, divulgada em janeiro, 6% disseram que a situação estava melhor, 12% apontaram estabilidade e 82% consideraram estar em uma situação financeira pior.
Segundo o presidente da NTC & Logística, José Hélio Fernandes, o levantamento trouxe bons resultados, mas que ainda ficaram aquém das expectativas. “Diante de uma base de comparação tão fraca, esperava uma reação mais expressiva. Mas considerando o agravamento da crise política, acredito que teremos uma melhora constante e progressiva nos próximos meses”, afirmou, ao lembrar que 2015 e 2016 foram os piores anos da história do setor.
No componente faturamento, o número de empresas que registrou queda recuou para 71% no primeiro semestre de 2017, ante 84% ao final do ano passado. “Todos tiveram de fazer sacrifícios para continuar operando, a pressão no valor do frete é apenas um dos reflexos dessa realidade”, observou Fernandes. Do universo de empresas que registraram queda no faturamento, para 70,5% o declínio foi, em média, de 18,5%.
Frete pressionado
As empresas que receberam pagamento pelo frete abaixo do custo avançaram de 72% para 79% entre o fim de 2016 e o primeiro semestre deste ano, enquanto as que não aumentaram ou deram desconto no frete passaram de 90% para 91%. E o número de companhias que preveem uma piora no valor do frete aumentou neste semestre, de 44% para 52%.
Entretanto, dois dos principais responsáveis pelo baixo patamar de preço do frete – os indicadores de tributos em atraso e veículos parados – têm registrado uma melhora progressiva, segundo a pesquisa. O número de empresas com veículos parados diminuiu nos últimos três semestres: 65,4% no primeiro semestre de 2016, 52,8% ao final do ano passado e 38,7% no primeiro semestre de 2017. Ao mesmo tempo, o número de empresas com tributos em atraso diminuiu mais lentamente, de 50,3% para 48,3% no final do ano passado, até 47,2% mais recentemente.
A queda no número de ações trabalhistas também chama a atenção. Segundo a pesquisa, esse item recuou de 82,4% para 63,6% no final de 2016 e caiu para 33% no primeiro semestre.
Segundo Lauro Valdívia, assessor técnico da NTC & Logística e responsável pela pesquisa, a melhora em relação a 2016 é visível. “Sentimos isso claramente em conversas com os empresários e tudo aponta para um segundo semestre positivo”, afirmou.
Prazo médio
O prazo médio de recebimento do frete informado neste semestre ficou em 26,7 dias, de acordo com o levantamento. O desempenho indica leve variação em relação ao semestre anterior (25,9 dias), mas uma melhora expressiva se comparado a um ano antes, quando o prazo médio estava em 35,4 dias.
Reflexo das constantes oscilações no cenário econômico, o número de empresas com frete a receber em atraso aumentou no comparativo com o semestre anterior, de 44,2% para 54,7%. No primeiro semestre do ano passado, porém, esse índice estava em 86,3%. O valor médio do frete em atraso (em relação ao faturamento total) também diminuiu, de 14,9% para 14,3% em relação ao semestre anterior. O valor médio estava em 13,3% um ano antes.
A pesquisa foi respondida por 2.290 empresas (de um universo de 117.360), sendo 27,2% do Estado de São Paulo, 10,9% do Rio Grande do Sul, 10,1% de Minas Gerais, 10% do Paraná, 7,8% de Santa Catarina e o restante de outros Estados.
(Fonte: Fetcesp)