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Estudo realizado pela Endeavor aponta que empreendedores gastam até 110 dias para abrir uma empresa no país.

Burocracia. O que essa palavra te lembra? Demora, ineficiência, processos complicados são algumas das conexões que vêm à mente de qualquer um. É sobre esse tópico que a Endeavor busca jogar luz com uma pesquisa A burocracia no ciclo de vida das empresas, recém-lançada, feita em parceria com a  EY, Ibracem, Insper, Neoway e SEDI. Nesta sexta-feira, o estudo será apresentado em evento no Insper.

Segundo o levantamento, o tempo médio para a abertura de empresas no Brasil é de 64 dias para empresas de serviços, 95 dias para comércio e 110 dias para a indústria. Para Guilherme Fowler, coordenador da Cátedra Endeavor no Insper, isso chama a atenção em comparação com o tempo médio em outros países. “Segundo relatório do Banco Mundial, em Nova York, leva-se quatro dias para abrir uma empresa. No Chile, são cinco dias e meio”, afirmou.

O processo que mais demora no Brasil é o alvará do Corpo de Bombeiros. Em média, esse tempo é de 37 dias para empresas de serviços e de 52 dias para a indústria. “Para a indústria, é claro que o Corpo de Bombeiros tem de estar atento, mas mesmo para empresas com negócios mais simples, há uma média elevada de dias”, disse ele.

“Um grande ponto é que a burocracia na abertura de empresas se traduz como uma barreira de entrada”, afirma Fowler. “Com isso, empresas ineficientes que eventualmente conseguem acessar o mercado [abrir uma empresa], e não têm tanto incentivo para serem mais eficientes, porque de alguma forma estão protegidas por essa barreira”.

Ele apontou outro impasse causado por essa burocracia na hora de abrir uma empresa: isso acaba assustando empreendedores estrangeiros que se interessam em investir no Brasil. “Imagina o que pensa um empreendedor chileno, que está acostumado a abrir uma empresa em cinco dias, quando vê esse cenário brasileiro?”.

CNPJs “zumbi”
“Infelizmente”, diz Guilherme Fowler, não houve muitas surpresas na pesquisa. Mas ele disse que um número chamou a sua atenção: o de empresas ativas, mas que não mantém atividade efetiva. Atualmente, há 3,7 milhões de CNPJs nessa situação – o que representa quase 20% do total do Brasil. “São empresas com um nível de atividade muito baixo, que deveriam ser fechadas mas que por alguma razão não foram”, explica Guilherme Fowler. Segundo ele, a hipótese é que o processo burocrático é tão complexo que os empresários ou pensaram que a companhia estaria fechada automaticamente por falta de atividade, mas ainda falta algum trâmite burocrático, ou não conseguiram fechar.

Isso pode, inclusive, gerar problemas para o empreendedor. “Se ele for um microempreendedor, ele só consegue abrir outra empresa se fechar a primeira. E se tiver outra empresa além da que está fechando, vai perder tempo que poderia ser investido na atividade produtiva da empresa que está ativa tentando fechar a outra empresa”, disse.

Irregularidades
Outro ponto que já era esperado, mas que chamou a atenção pelo tamanho, foi o número de empresas com alguma irregularidade. De acordo com os dados, 86% das empresas brasileiras têm hoje alguma irregularidade. “Esperávamos um número alto de irregularidade, mas nem tanto assim”.

Mesmo entre os escritórios de advocacia e contabilidade, que são os que deveriam lidar melhor com a burocracia, essa taxa é de 80% e 88%, respectivamente.

“Mesmo olhando para aquelas empresas com alto nível de atividade, as empresas que estão produzindo, comprando, vendendo e fazendo a economia girar, 39% têm alguma pendência”, disse Fowler. Uma hipótese dele é que muitas dessas empresas nem saibam que têm pendências, dada a complexidade da legislação e burocracia do Estado. “Isso pode se transformar em um obstáculo, porque a empresa pode não conseguir captar um empréstimo por ter uma pendência que nem sabia”, afirmou.

(Fonte: Jornal Contábil)