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Enquanto o número de veículos nas estradas e rodovias brasileiras saltou 150% nos últimos 14 anos – um acréscimo de 59 milhões de unidades no período – as estradas e rodovias seguem na direção oposta. Em quase uma década e meia foram perdidos 27,5 mil quilômetros de vias. Os dados fazem parte do Anuário do Transporte, divulgado ontem.

Levantado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), o estudo aponta uma discrepância no crescimento do Brasil nos últimos anos. “O que fica evidente quando avaliamos os números é que houve um impulso gigantesco na distribuição de crédito para compra de veículos entre 2006 e 2012 enquanto as concessões de rodovias e melhor qualidade das estradas não acompanharam o mesmo ritmo”, contou o professor de engenharia civil e doutor em transporte rodoviário, João Augusto Fragotte Neto.

Em 2018 o País atingiu a marca de 1,72 milhão de quilômetros (km) de vias – entre pavimentadas e não pavimentadas – queda de 1,75% quando analisado o total de 2004 (1,75 milhão). “Tivemos um avanço inegável com as concessões, o problema é que boa parte das estradas estão sob tutela de estados e municípios, muitas delas não teriam apelo comercial e é preciso pensar em políticas que garantam a melhoria do serviço sem depender exclusivamente da iniciativa privada”, diz o acadêmico.

Entre 2004 e 2018 houve um aumento de 17 mil km de estradas pavimentadas no Brasil, grande parte delas mérito dos leilões que aconteceram no bojo do Programa de Investimento em Logística (PIL), dentro do governo de Dilma Rousseff.

Para o advogado especialista em infraestrutura, Ricardo Moura, uma solução adotada no mercado norte-americano, e que poderia ser replicada por aqui, são as concessões casadas. “Elas consistem em leiloar um trecho atraente com a condição de que a empresa ganhadora também administre, dobre ou ajuste algum trecho secundário”, disse, ressaltando que para dar certo seria necessário rever “boa parte das diretrizes que nortearam as concessões dos últimos anos.”

(Fonte: DCI)