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Manter a concentração no trabalho pode ser um desafio para algumas pessoas – e isso acaba afetando a produtividade.

“Os escritórios estão sendo planejados em espaços cada vez mais abertos e isso requer que tenhamos uma capacidade de foco e concentração muito maior”, avalia Fátima Macedo, psicóloga especializada em saúde ocupacional. Ela diz que elementos visuais têm grande interferência na concentração dos funcionários.

“Nosso cérebro é muito curioso; ele busca distrações o tempo todo. Qualquer coisa chama nossa atenção: um barulho, uma cor diferente, alguém que está passando… Até uma gargalhada é um estímulo”, desenvolve Macedo, que é diretora geral da Mental Clean, clínica especializada em saúde mental do trabalhador.

Ainda para a psicóloga, em razão do estado de alerta constante que se mantém a nossa mente, precisamos educar as pessoas para favorecer uma convivência harmônica em escritórios abertos. “A questão do tom de voz é importante”, levanta. Por outra perspectiva, Joana Coelho, neurocientista especializada no meio organizacional e consultora da Nêmesis, indica que os colegas de trabalho criem “combinados” para estabelecer um espaço saudável.

“As equipes podem ser estimuladas a conversar sobre a questão da distração; como tem sido a rotina de trabalho, o que atrapalha e, assim, estabelecer acordos”, acrescenta Coelho. A especialista recomenda, inclusive, a adoção de plaquinhas que indiquem o “status” do funcionário: “dentro de uma empresa implementamos. Um lado dizia ‘disponível, pode falar comigo’, e o outro ‘estou em um momento concentrado, me mande mensagem e aviso quando puder falar’”.

Coelho ressalta a importância dos líderes apoiarem iniciativas semelhantes e sugere reflexões acerca do uso dos meios de comunicação. “Hoje em dia muitos distratores vêm do ambiente virtual”, diz. Para evitar essas e outras formas de dispersão, a psicóloga Fátima Macedo aconselha:

1 – Priorizar o sono. “Se eu durmo mal na noite anterior, no dia seguinte tenho mais dificuldade de concentração. O cérebro fica mais lento e não consegue realizar o processo de limpeza que precisa. Se tenho um sono de má qualidade, também vou ter mais dificuldade em tomar decisões.”

2 – Micro pausas. “Micro pausas são momentos para andar um pouco, movimentar-se e fazer algum tipo de exercício. Há estudos sobre como pequenas pausas mudam o foco da atenção. Pessoas que trabalham muito concentradas precisam mudar o foco do cérebro para que ele descanse. Isso pode ser feito tomando água ou conversando com alguém. Alinhar movimento com descanso diminui o estresse.”

3 – Alimentação. “Quando uma pessoa está muito estressada, a tendência é consumir açúcar e carboidratos. Ela busca doces e alimentos gordurosos. Por isso, trabalhamos a ideia de incentivar uma dieta rica em frutas, verduras e grãos. Essa união de boas práticas influencia a produção de hormônios como serotonina, endorfina, dopamina e ocitocina.” Vale lembrar que uma dieta baixa em nutrientes e com excesso de açúcar e gordura pode prejudicar a concentração e a capacidade de raciocínio.

Primeiros passos

De acordo com a psicóloga Fátima Macedo, quem se sente lesado pelas distrações no ambiente de trabalho pode começar a mudança realizando uma autoavaliação. Nesse processo, para ela, deve-se responder perguntas como “Quais são os prejuízos dessa desatenção e como eu estou me sentindo quanto a isso? Me sinto frustrado ou triste ao fim do dia por não conseguir cumprir metas, por exemplo?”.

“Depois de analisar o impacto na autoestima e nas relações, é fundamental identificar se é possível melhorar sozinho ou se é necessário buscar ajuda profissional”, afirma. A especialista, por fim, incentiva que o trabalhador converse sobre essas questões com os amigos e a família, “apoio social faz muita diferença na nossa capacidade de alcançar e e melhorar o que precisamos”.

Fonte: Setcesp