Lideranças de caminhoneiros de todo o país estào dialogando com o governo para acertar detalhes sobre o piso mínimo da tabela de fretes e também sobre o preço do óleo diesel. Na última semana, entidades de caminhoneiros se reuniram com o Ministério de Infraestrutura e com o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
Ao R7, Haroldo Christensen, assessor de comunicação da Fecamsp (Federação dos Caminhoneiros Autônomos do Estado de São Paulo), declarou que o desejo dos caminhoneiros é de que a conversa evite a paralisação.
“Nós, como entidade Fecamsp, não entendemos que a paralisação da categoria seja uma atitude viável. Não apoiamos uma greve, queremos negociação porque entendemos que há uma possibilidade de nos acertamos, mas não está descartada a paralisação”, declara Christensen.
Carolina Rangel, assessora de comunicação da Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros), também falou ao R7 sobre a possibilidade de uma paralisação dos caminhoneiros a partir de 30 de março deste ano.
“A questão é que a categoria está insatisfeita, mas, pelo nosso monitoramento, não está organizada. Então, está difícil prever se haverá ou não um novo movimento”, explica Rangel. “Teve uma reunião que participamos do Fórum TRC [Fórum Permanente para o Transporte Rodoviário de Cargas] com associações e sindicatos patronais e de autônomos. Houve menções ao fato (paralisação) em razão do descumprimento da Tabela de Fretes Mínimos. Não pareceu que havia apoio para o movimento”, completa.
Rangel concorda com Christensen sobre a viabilidade da paralisação no momento. “O fato é que a ESALQ [Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz] irá apresentar em 10 de abril o resultado dos estudos e, antes disso acontecer, qualquer medida seria intempestiva”, afirma.
A Esalq-USP, de Piracicaba, faz um estudo em parceria com a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) com a finalidade de revisar a tabela com preços mínimos de fretes. Após o levantamento, vai ser desenvolvida uma metodologia que vai servir de base para os caminhoneiros monitorarem e atualizarem os dados para a implementação da Política Nacional de Pisos Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas.
Christensen diz ainda que a paralisação prejudica a imagem dos caminhoneiros. “Apesar do desabastecimento, na verdade, o transportador acaba sendo o vilão. Não é oportuna essa greve agora, estamos advogando primeiro essa conversação para depois pensarmos uma atitude mais radical, que inclusive prejudica a população, embora não seja nosso desejo”, reafirma.
Reivindicações da categoria
De acordo com as entidades ouvidas pelo R7, os caminhoneiros estão insatisfeitos porque as empresas estão descumprindo o pagamento do valor mínimo da tabela de fretes e, por isso, pedem por uma maior fiscalização por parte da ANTT.
“Uma coisa é ter a lei e os mecanismos de legalidade e outra é ter uma fiscalização para que esse mecanismo seja aplicado quando houver o ilícito. A ANTT, infelizmente, não tem essa estrutura”, destaca Christensen.
Os caminhoneiros também pedem para que o aumento do diesel seja feito uma vez por mês e não mais diariamente.
“Tratamos também sobre o prazo para estabelecimento de mecanismo do valor do diesel, de como seria feita essa majoração, o aumento ou a diminuição. Isso porque o diesel aumentou acima do que foi estabelecido”, avalia. “Desejamos uma conversa à exaustão para chegarmos a um acordo que ande por si só. Melhor isso do que nos aventurarmos numa paralisação”, conclui Christensen.
De acordo com o Ministério de Infraestrutura, o governo “ouviu as demandas” dos caminhoneiros. Marcelo Sampaio, secretário Executivo do ministério, afirmou, por meio de nota, que “o fórum [TRC] tem o papel de garantir o diálogo entre o governo e essas categorias, de forma que o governo possa identificar quais são os principais gargalos, quais são as principais propostas e como alcançar um consenso efetivamente e encaminhar essas proposições.”
Ainda segundo Sampaio, os assuntos tratados no fórum foram: piso mínimo, pontos de paradas e descanso e o preço do óleo diesel.
Vale lembrar que a categoria parou em 21 de maio do ano passado para exigir uma redução nos preços do óleo diesel. A greve dos caminhoneiros causou impactos para a população.
(Fonte: Sindipesa)