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O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta segunda-feira, 26, acreditar na probabilidade de que o Congresso Nacional aprove os projetos de reoneração da folha de pagamentos e de tributação dos fundos exclusivos. Em entrevista nesta segunda-feira à Rádio Bandeirantes de Porto Alegre, Meirelles observou que essas são as duas propostas do governo na área de arrecadação hoje em tramitação.
“Via de regra, um processo de desoneração da folha levaria a um incentivo e também a um aumento da produção e do emprego. Mas isso não aconteceu. Por isso, esse subsídio dado a todos os setores não se justificou”, afirmou o ministro.
A respeito das críticas do empresariado a aumento tributário, o ministro disse que todo imposto tem desvantagens e que é normal que os empresários critiquem decisões desse tipo.
Meirelles voltou a afirmar que não há previsão de aumento de impostos neste ano. Disse, entretanto, que será necessário elevar tributos no longo prazo – “algo entre dois a três anos”, porque o Orçamento ficará ainda mais comprometido com o déficit da Previdência.
A não aprovação da PEC previdenciária, inclusive, foi o motivo, segundo Meirelles, para o rebaixamento da nota soberana brasileira pela Fitch na sexta-feira, 23. “O downgrade era muito esperado, porque foi movimento similar ao feito pela Standard & Poor’s”, disse, acrescentando que, por ser previsível, não chegou a afetar os preços no mercado financeiro. “A Bolsa subiu nesse dia”, lembrou.
O ministro afirmou que o Brasil ainda continuará sentindo efeitos da crise econômica pela qual passou porque foi a maior da história recente do País. “Foi a maior crise desde 1929. Mas a recuperação já está acontecendo”, disse. Meirelles avaliou que os efeitos da crise econômica serão, aos poucos, diminuídos. Ele voltou a citar a expectativa de geração de mais de 2,5 milhões de empregos neste ano, e que o PIB deve ter crescido em torno de 1% no ano passado e que deverá crescer 3% neste ano.
Sobre a inflação, o ministro afirmou que, normalmente, os consumidores demoram para sentir a queda dos preços. “Isso porque a inflação esteve muito alta por muito tempo”, disse o ministro, repetindo argumentação que tem feito sobre a sensibilidade da população à forte desaceleração do IPCA. “Apesar de a inflação ter caído muito, demanda tempo para esse movimento ser sentido”, afirmou, acrescentando que esse atraso na percepção também acontece em relação a outros indicadores, como desemprego.
Meirelles afirmou que uma queda adicional da Selic é uma decisão do Banco Central (BC) e que depende das projeções do IPCA. O ministro pontuou que o BC já sinalizou que pretende parar de cortar Selic, mas que é fato que a inflação tem surpreendido positivamente. “Ou seja, a inflação tem ficado menor ainda do que se esperava”, disse, acrescentando que o IPCA de 2018 deve ficar abaixo da meta.
Sobre a situação da dívida pública brasileira, Meirelles afirmou que a liquidez do governo é grande, assim como a possibilidade de captação. Ele disse que a dívida pública brasileira tem mais credibilidade. “O fato de ter 80 mil investidores no Tesoro Direto é uma boa notícia”, disse. “Não há risco de o governo imprimir dinheiro”, afirmou, lembrando que há reformas para fazer, como a da Previdência, para que a situação não piore à frente.
Fonte: Jornal do Comércio