Os impostos sobre a produção cresceram 1,3% no ano passado e 3,3% somente no último trimestre na comparação com 2016. Essa alta, acima da taxa do PIB de 1%, mostra que o perfil de crescimento da economia vem mudando. Com a recuperação amparada inicialmente por agropecuária e exportações, setores praticamente isentos de impostos, não houve reação na arrecadação.
“O que estava crescendo era a agropecuária, que não paga imposto por serem produtos da cesta básica e para exportação, que também não é taxada. São setores que têm carga tributária muito baixa e não produzem receita de impostos. Até pouco tempo atrás, a indústria e a importação, que pagam mais impostos, recuavam. O trabalho com carteira despencava, e o crédito livre não crescia, só o direcionado. O avanço era em setores com baixa carga tributária”, afirma Fernando Montero, economista-chefe da Tullett Prebon Brasil.
Essa configuração do crescimento mudou nos últimos trimestres do ano. A venda de veículos aumentou, puxando a indústria automotiva. A indústria de transformação mostrou alguma reação, alta de 1,7% no ano. O efeito é claro no aumento do Imposto de Produtos Industrializados (IPI) de 4,1%. A importação também reagiu. Cresceu 5%, levando a arrecadação a crescer 7,9% no ano.
“Esse perfil de recuperação vai trazer mais impostos. Os componentes que pagam mais tributos estão crescendo mais do que os que recolhem menos impostos. Isso ajuda a melhorar as contas públicas, o que já estamos vendo”, diz Montero.
A melhoria dos impostos não se refletiu no consumo do governo, que, segundo o economista, retrata apenas o pessoal empregado. Como só houve aumento de salários, e não no número de funcionários públicos, o consumo do governo caiu 0,6%. “Os gastos públicos sobem por incluírem os reajustes salariais. No PIB, que mede só o volume, esses aumentos não entram na conta”, destaca Montero.
(Fonte: Jornal do Comércio)