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O mercado de trabalho para vagas temporárias vive duas situações distintas neste ano. Enquanto vai crescer 10% no setor industrial até o Natal, na comparação com igual período de 2017, segundo cálculos da Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem), deve encolher 1,7% no varejo pelas projeções da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Um dos motivos para esse aparente conflito é o reaquecimento de setores importantes da indústria, especialmente os segmentos farmacêutico, alimentar, químico e agroindustrial. Por isso, a Asserttem prevê o total de 434.429 novos postos de atividades temporárias entre setembro e dezembro de 2018, contra os 394.935 empregos no mesmo período relativo a 2017.

“Nos momentos de incertezas, a contratação temporária representa uma alternativa mais viável às indústrias, que precisam de condições para corresponder à demanda aquecida”, diz a presidente da entidade, Michelle Karine. “Nesses períodos, as empresas encontram dificuldades para investir em despesas fixas diante de receitas flutuantes.” Ela calcula que, em todos os setores produtivos do país, serão geradas quase 435 mil vagas.

O dado negativo no comércio não significa, no entanto, que o setor vai de mal a pior. O economista-chefe da CNC, Fábio Bentes, avalia que a atividade ainda sofre os efeitos da greve dos caminhoneiros no fim de maio, que geraram dificuldades nas vendas e reposição de estoques. Para ele, os pequenos empresários estão mais receosos e evitando contrair gastos com o recrutamento de temporários neste momento.

Ainda há, porém, tempo suficiente de reverter esse resultado. Embora o Natal seja a data principal do calendário para o comércio, seguido pelo Dia das Mães e a Páscoa, o pico de contratações nas lojas ocorre no mês de novembro. O número previsto para este fim de ano fica mais representativo se comparado a 2016, quando foram geradas 355.322 oportunidades. Nesse caso, a alta é de 22%, mas ainda longe de alcançar o número constatado no fim de 2014: 490.435 pessoas retornaram ao mercado de trabalho, antes de a crise se intensificar e deixar consequências históricas, como desemprego, estagnação econômica e baixo consumo.

De acordo com Karine, da Asserttem, o grande diferencial do trabalho temporário é que se trata de um modelo mais viável para que a demanda seja compatível, flexível e de rápida mobilização de mão de obra. A executiva destaca que esse tipo de admissão é uma modalidade que mantém prazo flexível na legislação trabalhista e atende eficientemente às necessidades transitórias.

“Recentemente, houve atualizações importantes, como ampliação no prazo do contrato provisório, de 90 para até 180 dias, e agora é possível prorrogá-lo por mais três meses, caso perdure a necessidade”, destaca a executiva, citando que, além da indústria, responsável pelo reaquecimento das contratações temporárias, a modernização da Lei nº 6019/74, em vigor desde abril de 2017, trouxe crescimento na geração desse tipo de vagas.

(Fonte: Correio Braziliense)