Um mundo sem energia é inimaginável, o que tornou a eletricidade um recurso praticamente invisível, só percebido quando falta. Assim será com as novas tecnologias, cada vez mais imprescindíveis. A difusão de aparelhos inteligentes e a popularização da internet, com a multiplicação de aplicativos para dispositivos móveis, provocaram a migração em massa de negócios e serviços para plataformas digitais. O resultado é uma mudança de paradigma no cotidiano das pessoas, sobretudo as mais jovens.
A tecnologia atualmente é uma ferramenta para garantir comodidade e agilidade às ações mais comuns e essenciais, como aprender matemática ou fazer transações bancárias. A interação homem/máquina nunca foi tão visceral e caminha para um relacionamento ainda mais profundo, como mostra a série de matérias do Correio Rumo ao Futuro. Com recursos de realidade virtual aplicados à arquitetura é possível, por exemplo, entrar numa casa que nem sequer foi construída. Jogos deixaram de ser apenas uma distração e hoje são receitados para “quase todos os fins”.
Para o doutor em psicologia e especialista em consumo e negócios digitais José Mauro Nunes, pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV) e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o mercado brasileiro usa cada vez mais interfaces e aplicativos. “Houve barateamento dos aparelhos e dos pacotes de dados, o que aumentou o uso dos dispositivos móveis entre consumidores. Do lado das empresas, se vive um momento de transformação digital. Todos os negócios estão migrando para plataformas on-line”, explica.
Um fenômeno que começou com o e-commerce, com produtos mais baratos e maior comodidade, se espalha para outras áreas. “Está cada vez mais presente nos bancos, na educação, no compartilhamento de informações por meio do blockchain (protocolos de transferência de arquivos não vulneráveis à vigilância)”, destaca Nunes. No âmbito da educação, está a maior revolução, desde o ensino a distância até aplicativos de línguas, passando pelo uso de jogos para estimular o aprendizado.
Estímulos
O especialista afirma que a tecnologia está mudando a experiência de produção e de consumo. “A grande preocupação é melhorar a experiência do usuário, para se localizar com mais facilidade, fazer transações com rapidez, ter mais conforto, conveniência, simplicidade e praticidade, sobretudo agora, em um mundo abarrotado de informação”, diz.
Nesse ambiente sobrecarregado de estímulos, o uso dos games, a chamada gamificação, é uma forma cada vez mais recorrente de usar uma linguagem baseada em incentivos e recompensas. O coordenador-geral do Media Lab da Universidade Federal Fluminense (UFF), Esteban Walter Gonzalez Clua, explica que a vantagem dos jogos é que a narrativa só evolui com a participação ativa do usuário, enquanto numa sala de aula ou vendo um filme pode ocorrer a desatenção.
“A ludicidade é importante para o envolvimento integral. O lúdico faz parte do ser humano. Com as novas tecnologias, temos o potencial de criar histórias mais interessantes. As mídias digitais permitiram a criação de estruturas mais envolventes”, conta.
(Fonte: Correio Braziliense)